A São Clemente anunciou na noite do último domingo (21) o seu enredo
para o carnaval 2020. A amarelo e preto de Botafogo falará sobre “O Conto do
Vigário” que será desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Silveira.
para o carnaval 2020. A amarelo e preto de Botafogo falará sobre “O Conto do
Vigário” que será desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Silveira.
A agremiação continuará seguindo sua linha crítica e irreverente para o
carnaval 2020.
carnaval 2020.
A sinopse será divulgada no dia 11 de maio durante o evento Food Park
São Clemente na quadra da agremiação.
São Clemente na quadra da agremiação.
“Nossa história começa cercada pelas Minas Gerais; na Minas
dourada, barroca, ao som de sinos nas torres de igrejas e carroças rangendo nas
vielas e ladeiras – lá pelos idos do século XVIII, mais precisamente na rica
Ouro Preto. Uma terra de tanta fartura mineral sempre despertou a atenção de
pessoas dispostas a desfrutar de tamanha prosperidade sem muito esforço. Mas o
ponto inicial de nossa saga não começa com a cobiça pelo ouro. Nosso marco
inicial é pitoresco e envolve os personagens mais improváveis: Uma santa, um
burro e um vigário.
dourada, barroca, ao som de sinos nas torres de igrejas e carroças rangendo nas
vielas e ladeiras – lá pelos idos do século XVIII, mais precisamente na rica
Ouro Preto. Uma terra de tanta fartura mineral sempre despertou a atenção de
pessoas dispostas a desfrutar de tamanha prosperidade sem muito esforço. Mas o
ponto inicial de nossa saga não começa com a cobiça pelo ouro. Nosso marco
inicial é pitoresco e envolve os personagens mais improváveis: Uma santa, um
burro e um vigário.
Naquela ocasião, duas igrejas disputavam uma imagem de Nossa
Senhora.
Senhora.
A animada querela era entre as paróquias do Pilar e da Conceição. Para
resolver a questão um dos dois vigários – o da igreja do Pilar- propôs uma
forma no mínimo criativa de resolver o problema: “Amarrem a santa num burrico.
Coloquem-na entre as duas paróquias. Deus guiará o inocente animal até a casa
que deverá abrigar a Santa Imagem!”. Assim foi feito: lá vai o burrico pelas
ladeiras de Ouro Preto, carregando no lombo a imagem da Mãe de Deus e a fé da
boa gente do lugar. Mas o povo não contava com a astúcia do vigário: era
esperto o santo homem! O pároco que teve a ideia fez a proposta de caso
pensado, uma vez que já era seu o burro apostado! O bichinho só seguiu o
caminho de casa! Muitas outras versões existem para esse causo, mas para nós
fica esse o registro mais válido.
resolver a questão um dos dois vigários – o da igreja do Pilar- propôs uma
forma no mínimo criativa de resolver o problema: “Amarrem a santa num burrico.
Coloquem-na entre as duas paróquias. Deus guiará o inocente animal até a casa
que deverá abrigar a Santa Imagem!”. Assim foi feito: lá vai o burrico pelas
ladeiras de Ouro Preto, carregando no lombo a imagem da Mãe de Deus e a fé da
boa gente do lugar. Mas o povo não contava com a astúcia do vigário: era
esperto o santo homem! O pároco que teve a ideia fez a proposta de caso
pensado, uma vez que já era seu o burro apostado! O bichinho só seguiu o
caminho de casa! Muitas outras versões existem para esse causo, mas para nós
fica esse o registro mais válido.
Pois é a partir disso, toda vez que alguém é por uma boa história
enganado, diz se ter caído no “conto do Vigário”.”
Venha conferir a sinopse do enredo da São Clemente
enganado, diz se ter caído no “conto do Vigário”.”
Venha conferir a sinopse do enredo da São Clemente
Enredo: ‘O Conto do Vigário’
“A regra é clara”: nesta terra inventada, é certo o desacerto.
Frase forte. Porém, é mais forte ainda o histórico de malandragem que assola Pindorama. O tempo passa e fica cada vez mais difícil enxergar uma luz no fim do túnel. A capacidade da malandragem de se reinventar encontrou sombra e água fresca no Brasil: já faz tempo que tem gente tirando proveito da gente, ficando com a fatia maior do bolo. A inocência e esperteza travam um duelo secular por essas bandas. Do peixe pequeno ao espadaúdo, a arte de se dar bem sem muito esforço se proliferou em nossa nação sem noção. O engano é oficial: e isso vem de longe…
Nossa história começa cercada pelas Minas Gerais. Na Minas dourada, barroca, ao som de sinos nas torres de igrejas e carroças rangendo pelas vielas e ladeiras – lá pelos idos do século XVIII, mais precisamente na rica Ouro Preto. Uma terra de tanta fartura mineral que despertou a atenção de pessoas dispostas a desfrutar de tamanha prosperidade sem muito esforço. Mas digo que o ponto inicial de nossa saga não começa com a cobiça pelo ouro. Nosso marco inicial é pitoresco e envolve os personagens mais improváveis: uma santa, um burro e um vigário.
Naquela ocasião, duas igrejas disputavam uma imagem de Nossa Senhora. A animada querela era entre as paróquias do Pilar e da Conceição. Para resolver a questão, um dos dois vigários – o da igreja do Pilar – propôs uma forma no mínimo criativa de solucionar o problema: “Amarrem a santa num burrico. Coloquem-na entre as duas paróquias. Deus guiará o inocente animal até a casa que deverá abrigar a Santa Imagem!”
Assim foi feito. Lá vai o burrico pelas ladeiras de Ouro Preto, carregando no lombo a imagem da Mãe de Deus e a fé da boa gente do lugar. No entanto, o povo não contava com a astúcia do vigário: era esperto o santo homem! O pároco que teve a ideia fez a proposta com tudo já planejado, uma vez que já era seu o burro apostado! O bichinho só seguiu o caminho de casa! Muitas outras versões existem para esse caso, mas para nós fica esse como o registro mais válido, já que é por causa disso que toda vez que alguém é por uma boa história enganado, diz a pessoa ter caído no “conto do Vigário”.
O episódio acima ilustra de maneira bem jocosa o espirito da coisa. Essa malandragem encontrou terreno fértil na colônia controversa, sem rumo e sem lei, onde essa vigarice criou raiz. Desde que os portugueses aqui chegaram, sempre teve alguém dando um jeito de se dar bem em cima da inocência alheia. Do mais humilde ao mais poderoso, sempre surge uma história bem contada, de alguém querendo levar vantagem. Sem orgulho, carregamos essa chaga da enganação, é verdade. Sempre surge um novo malandro reinventando a malandragem – e foi com o crescimento das grandes cidades, cheias de novas oportunidades, que os vigaristas encontraram terreno fértil para aplicar seus golpes sobre os incautos. Do “bilhete premiado” à “máquina de fazer dinheiro”, a criatividade dos enganadores em aplicar golpes em nosso país desafia o bom senso. Até quando o homem pisou na Lua teve gente dobrando o povo no papo, anunciando a corretagem: “não perca essa chance! Vende-se um terreno na Lua! Na minha mão é mais barato!” Seria cômico, se não fosse trágico. É fato contado e documentado. Os folhetins do século passado registraram os feitos em manchetes, como aqueles datados de julho de 1969 que, enquanto a Apollo 11 tocava o solo lunar, um sergipano chegou a fechar negócio com dois fazendeiros de Minas Gerais, que ficaram animados com a possibilidade de ter a posse de ótimos logradouros vizinhos a São Jorge. Olhai por nós, oh pai!
E por falar no Gerente Celeste, nessa jornada é preciso ter fé. E como tem gente fazendo uso da boa-fé do brasileiro. O papel do interlocutor com o Divino profissionalizou-se, capitalizou-se e burocratizou-se. Tá cheio de esperto, se dizendo santo, cobrando taxa e sobretaxa por um lugar no céu: verdadeiros lobos em pele de cordeiro. O milagre tem seu preço! No mercado da fé, ganha mais quem vender mais promessas. O povo, coitado, sofrido e sem opção, é isca fácil para aqueles que fazem de ofício a oração. “Trago a pessoa amada em três dias!” Mas não seja por isso: “Ele” está vendo tudo com atenção. Um dia a Casa Celeste cai!
No Brasil, a malandragem é institucional, carimbada, registrada e homologada em 10 vias no cartório. Este rincão não é para amadores: de dois em dois anos o povo tem que escolher a melhor promessa. Toda vez a esperança se renova, até a primeira curva torta: depois de eleito, o malandro deixa o povo à deriva. Pelo voto, se vende as maiores ilusões. E como sabem contar histórias esses candidatos a “malandro oficial”. Antes de ter seu voto, prometem mundos e fundos; depois de eleitos, cada um vai cuidar dos seus próprios interesses. Já o povo, por sua vez, insiste em trocar seu voto por dentadura.
Passa o tempo, mas não passa a vigarice do malandro. Ele se adapta, se “atualiza”, viraliza, cai na rede. E o povo vai na onda. Compra gato por lebre, perde o sustento suado, é feito de gato e sapato. A modernidade não assusta a malandragem: o vigarista se adapta! Vende inverdades à rodo, sem temer o amanhã. Vende o produto que nunca se viu: “Fake News”! “Fake News”! “Fake News”!
O papo é reto, direto e franco: abra o olho brasileiro. Já dizia o saudoso Bezerra da Silva que “malandro é malandro e mané é mané”. Nesta terra inventada, é certo o desacerto, mas cabe a nós dar um freio. O certo é o certo; fora disso, é alheio.”
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